Eu sei que vocês estão surpresos e curiosos pra saber o porquê desse título. Bom, vou fazer mais um pouquinho de mistério e enquanto isso vamos divagar um pouquinho sobre a difícil relação entre os homens e os animais.
Sabemos que a relação entre ambos é histórica, ou melhor pré-histórica, iniciamos como predadores e terminamos como babás. Existem pessoas que tratam os animais como humanos, um destaque especial aos cachorrinhos. Há salão de beleza dog, spar dog, até hotel dog. Os bichinhos tem mais mordomias do que nós, pobres humanos. Há quem abomine tal prática, argumentando que o número de crianças abandonadas pela rua é desconsiderado pelas mamães de cachorro e lá se vão as campanhas à Eduardo Dusek "troque o seu cachorro por uma criança pobre". Eu prometo não tomar partido de nenhuma das questões, já que dentro do limite, ambas atitudes estão corretas. Os extremos são terríveis, criar um cão como se fosse uma pessoa, parece-me mais uma frustação que só pode ser resolvida por Freud, no entanto dar aos mesmos um tratamento digno, dentro das proporções, é ser humano. Os animais merecem ser respeitados, tem sentimentos e precisam da atenção dos seus donos.
Duas situações me chamaram a atenção, a fim de que eu me propusesse a comentar esse assunto. O primeiro e mais antigo foi o de uma amiga minha que comprou um lindo poodle, numa loja de cães, mas que preferiu desistir do mesmo, quando adquiriu um belíssimo sofá (sabemos que sofás e poodles novinhos não combinam), entregando-o a uma família que resolveu adotá-lo.
Passeando de carro novo pela Ribeira, minha amiga viu um cachorrinho preso numa corda, embaixo de uma sol escaldante, chorando, todo sujinho, muito parecido com o que ela havia entregue à família. Ao chamar o cachorrinho pelo nome e ele a atender, ela percebeu que era o mesmo e resolveu resgatar o cão.Semanas depois, possivelmente já arrependida da boa ação, ela resolveu deixá-lo numa rua deserta, à noite, longe de casa, apesar dos uivos desesperados e comoventes do cachorrinho.
A segunda situação ainda foi mais trágica, a que deu origem ao meu título incomum. Conversando com uma amiga sobre a minha incapacidade de ter um animal em casa, já que tenho um pentelhinho que toma todo o meu tempo, ela relatou-me que o filho da sua vizinha matava gatos. Acredite, um matador de gatos mirim! A criança ficava, embaixo de um pé de manga, à espreita, esperando um gatinho desavisado aparecer e PUM! uma paulada na cabeça sem dó, nem piedade e , caso houvesse resistência, mais uma paulada. Agora acredite, a criança tinha apenas 5 aninhos.
Algumas questões me intrigam nessa discussão: primeiro, o que faz uma pessoa comprar um cão e depois descartá-lo como se fosse um pedaço de papel sem valor? E o que faz uma criança de 5 anos ter como diversão matar gatos pelas ruas? E não menos importante, e mais filosófica, onde estão os pais desse bebê, enquanto o seu filho está às 23h, na rua, matando gatos?
Bom, temos aí dois exemplos de como jamais deveríamos agir. Será possível avaliar esses comportamentos numa escala de valor? qual seria mais desumano? dar tratamento de 5 estrelas aos cães ou tratá-los com crueldade? Com certeza, o bom senso deve prevalecer em todas nossas ações, pra que casos como esses não se repitam.